PALETÓ DE MADEIRA

Amada triste,

hoje aprendemos qual o tamanho exato da morte.

Ela,

involuntária e impalpável,

como uma trágica,

te entregou de bandeja todos os silêncios

e roubou de ti todas as perguntas,

ainda sem respostas.

Ela,

bem maior que a ausência imaginada num final de amor,

gargalhou em meio a uma multidão

de cadáveres empalhados

pela tragédia das cores findas

como uma pálida,

e, sem coragem de dar meia-volta ao dia,

te escondeu em meio aos astros,

uma estrela em um palheiro! .

Ela,

impregnada pelo cheiro de formol dos lotados cemitérios,

vaga qual um satélite em torno ao nosso corpo

como uma lua inerte perdida entre lençóis,

que se esquece o quanto éramos

carne e unha, unha e carne!

Amada triste,

hoje aprendemos qual o tamanho exato da morte.

Ela,

displicente e inconseqüente,

como uma mágica,

te entregou de bandeja todos os silêncios

e roubou de ti todos os porquês,

agora sem respostas. .