Velho casarão
Quem freqüentou o casarão em tempos passados
Deve lembrar-se de muitas histórias
Personagens inesquecíveis, impetuosos
Quem ali presenciou arranjos improvisados
Deve guardar nos resquícios da memória
Fragmentos de cuidados amorosos
Pelas fendas do tempo espiamos
Uma fração do que ali se consumou
Como um filme que retém a eternidade
São como lendas se desenrolando
Compondo o enredo que se imortalizou
No decorrer de nossa mocidade
Experiências vividas intensamente
Confusão, um aglomerado de euforia
Misto de juízos e emoções.
E há que se rever suavemente
O tom de suprema alegria
Que preenchia tantos corações...
Vovó, mãezinha...vovô
Glorita!...Ah! Maninha querida
Figuras que são imortais
Por tudo que a vida nos privou
A lembrança de tranças e fitas
São dolorosas demais...
Mas vencemos o tempo
Que desatento permitiu que crescêssemos
Nos tornando cúmplices deste lar
Para alma foi o nosso alimento
Pretexto em que vivemos
Nos deixando agasalhar
Casarão que se tornou a sede da amizade
O contraponto de incerteza
Porto seguro de amor
Um espaço que desafiou a temporalidade
E com razoável destreza
A idade também contornou...
Nos escaninhos de nossas lembranças
Ficam imagens e cenas registradas
Como álbum de recordação
Um passado que faz parte da infância
Onde vivemos façanhas inusitadas
Herança inerente de nosso coração
Casarão...Dizer adeus tanto nos custa
Embora saibamos ser necessário
Segue seu destino como seguimos o nosso
Pois o desvencilhar nos assusta
E cumpre sua sina como a nossa cumpriremos...
Cada qual em concordância com seu ponto no universo
Mas entrosados de maneira inseparável
Como são as idéias deste verso.
Priscila de Loureiro Coelho