[Pensamenteando... Goteiras]

Na lata colocada sob a goteira

latejam as minhas penas,

caem, vão-se, gota a gota,

tal como correm as lágrimas.

De dor em dor, corto e recorto

as lembranças das noites frias

e chuvosas na Fazenda Barreirão...

[Por que tinha eu que nascer?]

Uma voz antiga sussurra-me

lembranças difusas

enquanto a água da chuva

reúne-se nos fios dos postes

em grossas bagas que desabam

no asfalto impiedoso da rua erma...

[sozinho, numa mesa do "Bar do Deis"]

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[Penas do Desterro, 21 de fevereiro de 2006]

Caderninho das Cidades Mortas, p. 34,

para a coletânea "O Viés dos Sentidos".

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Variante de 26 mar 2006:

... aquelas goteiras pendentes

dos fios dos postes de energia

reúnem-me com o nada.

Caminho só,

estou só,

vivo só,

e morrerei só

— é claro!

[Outra vez só, no “Bar do Deis”...]

[Caderninho das Cidades Mortas, p. 36]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 24/11/2009
Reeditado em 01/07/2012
Código do texto: T1941607
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