[Pensamenteando... Goteiras]
Na lata colocada sob a goteira
latejam as minhas penas,
caem, vão-se, gota a gota,
tal como correm as lágrimas.
De dor em dor, corto e recorto
as lembranças das noites frias
e chuvosas na Fazenda Barreirão...
[Por que tinha eu que nascer?]
Uma voz antiga sussurra-me
lembranças difusas
enquanto a água da chuva
reúne-se nos fios dos postes
em grossas bagas que desabam
no asfalto impiedoso da rua erma...
[sozinho, numa mesa do "Bar do Deis"]
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[Penas do Desterro, 21 de fevereiro de 2006]
Caderninho das Cidades Mortas, p. 34,
para a coletânea "O Viés dos Sentidos".
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Variante de 26 mar 2006:
... aquelas goteiras pendentes
dos fios dos postes de energia
reúnem-me com o nada.
Caminho só,
estou só,
vivo só,
e morrerei só
— é claro!
[Outra vez só, no “Bar do Deis”...]
[Caderninho das Cidades Mortas, p. 36]