Chuva e pouca poesia

Choveu

Now we can walk

In a clean room

With the pure light

Of the moon

And to the Ocean

We can trust our secrets

Mesmo cheio de receptáculos descartados

Consumidos e tragados,

Por mais de um século,

Pelo espelho dos céus.

People look at the window

"The rain is over"

Now we ca walk

And put our trash

So lovely

With our fabulous hands,

On the litle river,

Cristalino,

Que jaz entre a calçada

E entre os automóveis

Rumo ao raquítico canto de terra

Mais próximo.

Choveu.

O tempo é todo olhares.

Caracóis cagando enquanto se arrastam

Aparecem nas paredes e vidraças.

Cães fedidos abanam seus rabos

E atravessam as faixas de pedestres.

As vitrines das janelas,

Que davam lugar ao primevo temor,

Dão lugar às vitrines em flashes e cores,

Confortáveis TVs.

Bom tempo pra bolinhos-de-chuva.

Mau tempo pra pneus carecas e pássaros frágeis.

Choveu.

Consciência coletiva focada

Na água ácida

Que faz amor com o chão, apressada.

O céu se abre,

Os guarda-chuvas se fecham

(Negros em NY,

Bregas-gritantes nas entranhas de São Paulo),

E tudo continua igual por aqui

Isso porque andróides orgânicos

Caminham e dormem entre os sete mares

E poucos fazem poesia.