O tempo...

Acocoraram sobre meus ombros

os meus quarenta e três anos.

Não é costume senti-los, mas,

como pesam de vez em quando.

Ninguém me avisou,

Nem minha mãe, nem meu pai

falaram do peso que tem o tempo.

Não existe balança que o saiba pesar:

dói no corpo, dói na alma,

dói até na calma

das minhas omissões...

Deve ser saudades e vontades

acumuladas neste fardo da vida.

É pelas minhas veias que se escondem,

dissimulam-se em mim, feito vermes malditos.

Nunca rezei terços por elas,

sempre as tratei com desleixo e abuso.

Agora se vingam. Cresceram por elas mesmas,

sem que eu pedisse,

quem as plantaram foi o tempo.

Alimentaram-se da chuva dos meus desacertos,

Do calor e alegria da minha vida,

se houverem, tostarão ambas.

Passaram tantas primaveras

que nem me dei conta

que já andei mais

da metade da minha vida.

Agora eu sei sobre este peso nos lombos.

E de tanto sentir e clamar tornei-o importante.

Foram tantas manhãs quentes

e noites frias que passei a meditar,

Tantas coisas observei que

me diziam sobre poesias,

eu, teimoso as avoquei,

algumas ouviram e vieram,

outras nunca nasceram, viraram cargas

e postaram-se sobre os meus dorsos...

Noutras horas elas levitam presas no sorriso

de quem lê os meus poemas pelo andar do tempo...

IVAN CORRÊA
Enviado por IVAN CORRÊA em 22/11/2009
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