VOLTA AO LAR
agora,
sei do sono fácil.
Pesada, a minha cabeça sonha urgente
para, com a noite, ir contigo...
[o dia foi de deixar qualquer marido exausto]
nele,
catei trocados
– transformei-os em algo
que pudesse te fazer felicidade –
[o dia foi de deixar qualquer marido exausto]
em compasso de espera,
me esperas.
Sabes como ninguém do tempo, do tédio e do trânsito
em meu itinerário
[o dia foi de deixar qualquer marido exausto]
à minha espera,
arrumaste a casa, compraste pães,
preparaste o meu sono!...
[o dia foi de deixar qualquer marido exausto]
desci a Ladeira da Praça
– como se em uma sexta-feira –
e lotei o lotação
[o dia foi de deixar qualquer marido exausto]
em casa,
só com uma pêra nas mãos...
– olhavas para mim e para a pêra com olhos de felicidade –
[e tu, a comer felicidade]
e eu,
após mais um dia de deixar qualquer marido exausto,
ao teu lado, enfim, em sono fácil
mas querias tanto uma máquina de lavar!...