Desejo de morte

O que se faz quando se quer morrer? O que se pode fazer quando se olha no espelho e não reconhece quem ali aparece? Quando um desejo profundo e solitário de apenas deixar de existir vai ficando cada vez mais forte e ganhando espaço nos pensamentos?

É fato que isso não é uma idéia normal, não é um desejo que se pode desejar em voz alta, nem contar em uma roda de amigos entre as cervejas geladas e amargas. É desejo íntimo, secreto e proibido. Não considero pecado, pois quem inventou o pecado foram as pessoas que tinham medo de apenas ser. Eu não tenho medo de dizer que quero morrer. Mas digo isso baixo, apenas para mim, pois minha sombra pode desconfiar e não achar normal e não querer deixar de existir e me prender, me isolando vivo para que eu definhe enquanto alimento seu ego.

É deplorável alguns dizem. É ser fraco dizem outros. Mas enganam-se, pois tem de se ter muito força para assumir tal desejo, e lastimável seria viver sem ter vontade, sem conseguir sentir as coisas, sem ter respeito ou mesmo amor por aquilo que se é. Eu me amo tanto e quero me fazer feliz. Quero então sentir o gélido beijo da morte em minha pele e não me arrepender de ter desejado ver o fim antes de ter tudo acabado.

Juliano Rossin
Enviado por Juliano Rossin em 22/11/2009
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