OCEANO INTERIOR

Quem diria, poder ouvir dizer: - meu mar, mundo e alento,

por mais que às vêzes te evite ,de tí não me desprendo,

e, se marzão, razão da minha vida, me chamar um dia,

quem jura que não vou.

Sei lá o que provoca anseio indecente, quando ensimesmada,

longe de tí meu coração inflama,

ardendo tal qual fogueira incandescente.

Heresia essa exorcização pois dentro de tí, me faço doce,

alada, passional, estado de graça e sentimental,.

Já não abrigo ódios e decepções, rancores e profanações.

À beira mar purifico a alma. reabro o coração, antes blindado,

refém do caos e agora em estado de paixão.

Que romances, que porres de felicidade,perto de tí

quando longe,transporto pesadelos tontos,

frente a uma estranha turba em constante procissão.

Vivo enciumada com este Mampituba, cretino rio,

entrando em tí, serpenteando, alardeia um orgasmo febril,

resgatado na estravasão do cio.

Atônitos delfins, estonteantes sereias, e recatados nirvais

jogam-se na areia.

Quanto a mim, repilo tudo que surge alhures do teu seio e cenário,

nesta energia molhada que tatuas em mim.

Morro e acabo em suícidio lento se por algum momento

me levarem de tí,se esta desgraça, for a minha sina,

implodirei meu oceano interior entreverada em vagas marinhas,

tal qual, Alfonsina.

Marilene Xiua