TERMÔMETRO

Euna Britto de Oliveira

Palavras frouxas escapam-lhe da boca...

Sua força é pouca.

O arrastão da vida carreia a humanidade inteira

em direção a Vega...

Cada um vai até certo ponto.

Coloco a mão na testa

e a temperatura do lado de fora dos pensamentos

é morna, quebrada a frieza...

Francamente,

é tão pequena a diferença entre

um morno e um morto!

Só a pequena diferença de temperatura

faz a grande diferença!...

Respirar, movimentar-me...

Penhoradamente, agradeço.

Enquanto puder, permaneço.

Também sou de papel – fotos e relatos.

Essa minha parte poderá sobreviver-me...

O que há de mais denso do que as trevas?

Deus é Luz e me produz a cada instante!

E eu reproduzo Deus...

Será que eu disse uma blasfêmia, meu Deus?

A formosura se escora em faces tão passageiras,

que a vida, mesmo completa, deve ser quase ligeira!...

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 14/07/2006
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