O Olhar
A ânsia de verter em palavras tem início
Parte-se de onde?
Qual o destino?
Antes fosse, ao léu, um mero desatino
Ocorre que não
Transforma-se em palavras
O sentimento, a emoção,
Em alguns momentos, a razão
Pelo que se busca dizer
Pelo que se pretende transfigurar
Fosse para simplesmente entender
Bastaria um texto convencional
É algo mais
É algo a mais
Que no mais das vezes não cabe em palavras
E o alfabeto torna-se inútil
Não comporta a idéia a ser transmitida
Daí surge o silêncio
E com ele ganha importância o olhar,
Capaz de tudo dizer e de se fazer compreender.
Curitiba, 23.AGO.2004