A FILA ANDA
A FILA ANDA OU
A DOR DO PARTO
Foste embora qual felino
se enroscando desconfiado sobre o muro.
Sol aguarda tua incerteza e
sob o arco-íris teu passado em cores
maquia teu rosto pálido pelas investidas de fuga.
No trajeto imaginário da tua glória,
Aguardo-te com paladar amargurado:
um vinho barato,
uma taça solitária,
um bêbado a engolir pesadelos
como se glórias fosse.
Nesse novo trilar que teus passos buscam, restam:
- o trajeto medroso dos carinhos sempre negados,
- o papel de presente desbotado
pela espera do afeto que nunca deste!
Destarte, desculpas mentirosas umedeceram meu ser de desilusão...
Refaço-me no correr da estrada e
enquanto segues tua sombra mágica
pela ilusão de sermos dois;
No fim do caminho, um rio tranqüilo
há de refletir teu rosto sulcado - trunfo da
caminhada solitária que embala teus sonhos.
Meu rosto certamente esse rio não te espelhará,
porque ficou no porto de mim
acalentado pelo olhar apaixonado de quem agora amo.
Uma estrada erma me convida
em pleno retiro de mim: colherei sonhos refeitos,
dispostos feito fruta doce
nas árvores floridas que setembro prenuncia.
Degustarei em me-ta-des
os inteiros outrora esquecidos por mim,
enquanto rezo para o destino te deixar distante,
enquanto prezo pelo amor que está tão perto.