A NOBREZA ESQUECIDA DOS PÉS
Quando se fala em termos de corpo,
Sempre se enaltece o cérebro, coração, os pulmões,
Os pés são uma parte do corpo à qual não damos valor,
Ouvem-se, sim, elogios aos calçados.
Só damos valor aos pés, quando entra uma pedra no sapato,
Ou quando surge uma unha encravada,
Ou ainda quando nos pisam... Aí usamos até impropérios
Por causa do pé; aí verificamos que o pé merece ser valorizado.
Ante o acidente com os pés, diante do sofrimento deles,
O corpo desce da impotência do seu porte.
O cérebro se coloca a serviço deles, as mãos se tornam servas dos pés,
Os olhos deixam de contemplar as coisas que estão por cima.
Pés sem calosidade, bolhas, unhas encravadas, joanetes, verrugas,
Torceduras, micoses, e rachaduras, são pés bonitos e que merecem
Ser vistos e apreciados, não somente por sua beleza,
Mas por sua utilidade durante nossa vida.
São os pés que nos levam pelos caminhos da vida,
São eles que galgam as altas montanhas,
São eles que descem os barrancos, mesmo aos trancos,
São eles... Sempre eles...
São eles que nos levam, com submissão e docilidade,
Obedientes, pelos caminhos do bem e do mal,
Ainda que não quisessem trilhar por esses últimos,
Trilhando o caminho do bem, até o coração agradece.
Cuidemos com carinho dos pés, por que:
“Quão formosos os pés dos que anunciam a paz, dos que anunciam coisas boas!” (Romanos. 10h15min)