Correr o trecho...

A vida feita em pedaços, pra poder percorrer,
por meus pés percorrida em trechos...
Vai assim sendo vivida,
apreendida naco por naco!
Saindo assim a percorrer trechos de vida,
vou escrevendo meus poemas aos poucos:
Uns de amores loucos,
outros de saudades sentidas!
Vou cravando em páginas virgens ainda
os sentimentos encontrados,
e os desencontros da vida!
E escrevo das almas alheias,
as sensações que me passam:
Umas tão nobres e ricas,
outras tão mediocres e pobres ainda!
Vou assim percorrendo trechos de searas,
percorrendo trechos de terra batida!
Vou assim, comendo o pó das estradas...
E as lágrimas derramadas,
os sorrisos mornos em faces encontradas, escondidas entre dedos...
Minha poesia assim se manifesta,
cantando as tristezas das ausências, dos medos,
as alegrias das festas,
os silêncios das alcovas,
quebrados por murmurios esparços,
entre os espaços abertos pelos corpos entre as trevas!
E quanto não escrevo em meus delatores poemas,
de meus amores de alcova!
E dos que nem ao menos se concretizaram...
Sou poeta, sim, mas nem tudo são ou foram flores!
Quanto amor não amei, sem poder amá-lo todo,
quanto suspiro não dei, ou matei, por não poder suspirar?
E de tudo o que fiz, carrego em mim cicatrizes,
palavras, gestos, sentimentos, momentos...
Sou poeta, sim, mas quem disse que sempre fui feliz?
E de trecho em trecho,
pedaços de vidas, e da minha vida,
vou cravando em folhas de papel virgem ainda!
Sou poeta, sim, mas quem disse que sou apenas poesia?

13/11/2006
Edvaldo Rosa
www.sacpaixao.net