Ser Poeta
O poeta percorre
Os caminhos de seus sentidos,
Embrenhando-se em quaisquer palavras
E as tem como suas.
O poeta tem os caminhos na mente
E os destinos na pena.
Faz seus os dias, as horas,
Sofre, goza, viaja, realiza.
O poeta pensa que tudo pode, pois tudo sente
E tudo vibra no seu íntimo
Com a intensidade das grandes tormentas.
O poeta acredita que tudo pode,
Que tem o arbítrio para se enebriar e voar
Por além das palavras.
Entorpece de dores, de amores, de prantos, de encantos.
E crê-se livre por além das folhas mortas
Em que pousou seus sentimentos.
Ignora a vida real, onde os sonhos não podem ter cor
E a loucura da mente está isolada nos manicômios sociais.
Quando tira os olhos das folhas mortas
Revelando o ser de letras tortas
Perde-se por entre as normalidades impostas.
E então sofre... e morre um pouco a cada dia.
Porque o poeta não tem vida no mundo dos homens.