Maldito assalto à geladeira
No inferno duma fria noite,
Atravessa a treva o dissonante
Fechar lamurioso de um velho noete,
Vem lançar-me ao farfalhar distante
Dos velhos demônios de Goethe.
Medos que nunca dormem,
Cannon de Fobos andrólatra
Em eterna batalha consomem
O bom e o mau idólatra.
Não é fé que me suspende a face
È o saturnino espírito da fome
Que nutre meu ouvido e come
Ao ordenar-me: Sarraface!
Prisioneiro do espiral intérmino
De consumir a vida que me drena
Vibrando diastésico o sino
Em visceral cíclica gangrena
Mas que faço do neorama
De meu laborioso destino
Que mesmo na formosa dama
Este gênio evoca o intestino?
A urgir o refrigério do drama
Abro a caixa de fibra e gás
Requento a tresontê lama
Que em silêncio regozija e satisfaz...