Espinho de Aço
Toda vez, não é toda hora:
nós somos iguais uma vez,
depois tudo se esmoa e se perde.
Mas de que vale o esforço
se não há onde levar?
Se ela não perdoa/não me perdoa!
Foge pelos espinhos e corredeiras,
mas perdoar é coisa de senão.
Senão eu não perdôo!
De que vale minhas rosas e jardins,
Meu vale, minhas montanhas,
o vento que me roça
o sol que apazinha?
Por isso, toda vez, não é toda hora
Cada minuto já dormiu no ontem,
o futuro é daqui há pouco
e o presente foi até logo.
Se tiver de voltar, não volto,
se pedir, não faço.
Rodo igual carrapeta,
mas pros braços dela
já não retorno.
Coisa fácil que eu
relembro:
ela só pensa no amanhã,
mas o amanhã morreu comigo
numa noite desta,
e chorei de dar pena!