Desejo de Morte
Viajando sem atrito pelo chão,
Como se arrasta, por ser frágil, solitária.
Nos olhos tristes navegam seus fantasmas,
A cada encontro a dor da decepção.
Respira o pólen da flor sem vida, a se corroer.
Expele o frio das vergonhas geladas.
Chora pelos que se foram sem seu perdão,
E sabe que, apesar de sua necessidade, isso a faz sofrer.
Tão duro arrancar a vida de quem quer viver!
Seus rígidos dedos enlaçam a alma,
E a puxam com vontade e prazer.
Depois lamenta, mas compaixão não pode ter.
De novo arranca, sem esperança pra ser salva.
Arrepende-se, como sempre na ilusão.
Pensando no que pode realmente fazer.
Medita com os olhos negros, a pele alva.
Então ouve ao longe um esperançoso gemer:
Tão duro arrancar a vida de quem quer viver!
Mas sabe que seus atos não são em vão.
E como sabe que assim simplesmente é!
Portanto o crê, o tem fé,
Desejando matar apenas um: sua solidão.
E apesar daquilo que quer ser,
Sabe que não o será, não importa o que fizer.
Seu destino é esse, tem ela tal função.
Não importa o quanto doa, e ela sabe que vai doer:
Tão duro arrancar a vida de quem quer viver!
Mas não é sua culpa o que acontece,
Por dentro seu sentimento é jasmim,
Por fora se mostra duro marfim.
Sabendo que a morte é o que menos lhe apetece.
Tal como fogo odeia se arder,
Como profundo abismo quer ter seu fim,
Como coração duro que se descongele:
A Morte também quer se satisfazer.
Seu desejo de morte, é poder viver!