Se eu fosse para Passárgada
Se eu fosse para Passárgada,
Chegaria num arco- íris.
Pousaria em férteis campos,
Cercados por cânticos a florir.
Descansaria por sobre a relva.
Não montaria em burro bravo.
Voaria nas asas de um colibri.
Ouviria riachos, cachoeiras,
Sondaria as verdes árvores
E lhes contaria hitórias
Que, da minha avó, ouvi.
Conversaria com os animais,
Perguntaria sobre a vida deles, por lá.
Dir-me-iam, com certeza,
Que são mais amados que os de cá.
Se eu fosse para Passárgada,
Iria visitar o mar.
Certamente ele me diria
Que poluição não existe por lá.
Deitaria, lá na praia,
E logo o sol viria me abraçar.
Dar-lhe-ia, então, bom dia
E, com ele, começaria a conversar.
À noite, lá em Passárgada,
Eu iria passear.
Atravessaria bosques e florestas escuras
Porque noites medrosas não existem por lá.
Veria o luar beijando a relva
E a relva, com verdes palavras,
Enchendo o meu caminhar.
Lá, tudo é canto e poesia.
A Paz e o Amor pairam, no ar.
Por isso, se eu fosse para Passárgada,
Não quereria mais voltar.
Lá eu seria amiga do sol,
das estrelas e do luar.
Seria irmã de cada animal
E companheira de rios e de mar.
Lá, o sol e a lua se beijam
Como não se beijam aqui,
Porque o ar que os envolve
Ninguém ousa poluir.
As florestas abraçam rios
E ninguém os arranca de lá,
Pois entendem como Natureza
Homem, céu, terra e mar.
Os rios abraçam os campos
Que, aqui, o homem deixa em prantos.
Os pássaros fazem serestas inteiras
E a todos envolvem com os seus cantos.
A Natureza é uma festa.
Em Passárgada não há dor.
O homem pula, canta e dança,
Sem espantar uma só flor.
Se eu fosse para Passárgada,
Certamente não escutaria o choro
de nenhuma flor.
Não veria pássaros perdidos,
seus ninhos destruídos, por puro desamor.
Não mais veria um cão sofrido,
pelas ruas a vagar,
Árvores tombando, e os seus gritos,
a eclodirem-se, no ar.
Se eu fosse para Passárgada,
Lá, eu seria aquilo que sou.
Lá, eu seria também festejada,
nunca desprezada,
por ser amante da Natureza
e companheira do Amor.