Sua "Minha" Treva
Trevas... Trevas nessa sala esquisita
Jardim destruído pela beleza da falta que me faz
Eu quero voar, apenas quero voar
Não posso enfrentar a escuridão sem você
Imagine o mundo sem essa luz
Como seriam nossos dias frios?
Como seriam nossas crias?
Seres sem forma, vazios, invisíveis... Mortos!
Gélida sensação, sublime inspiração
Essa vida distorcida em olhares infantis
Sempre foi assim, sempre será assim
Nunca vamos esquecer, nunca vamos perdoar
Nunca seremos bons o bastante
Nunca seremos infalíveis, perfeitos
Semideuses de mundos pseudo-existentes
Nunca seremos merecedores dessa graça imbecil
Nostalgicamente bebo esse último gole de você
Ainda não sei o por que... Nunca saberei ao certo
... Milhões, bilhões de pessoas pelo mundo
Mas eu me sinto só, aturdido, ferido como sempre
O grito sobe à garganta
Mas é silenciado, sufocado, supresso nessas linhas
Eu te amo tanto que me odiaria por te odiar
Ai de mim se minhas canções não forem seu lar...
O dia vai escurecendo, a vida segue normal
Hoje pode ser minha última chance
Tome minhas mãos, jogue-me desse abismo
E vá embora, não olhe o que sobrou de meu sacrifício
No altar do amor o meu sangue corre sem honra
Esse pedaço de pedra no cume desse vale desencantado
Areia morta, vagando, vagando... Perdida!
Ah, minha alma, não chores hoje... Morra outro dia!
Vacilante divindade, elegíaca santidade
Meu coração errante, andarilho dos sonhos
Supremo ser de seu cosmos entrópico
Uma taça do mais puro vinho, vestido de puro linho
Esse ser destruído, não pôde enfrentar a escuridão
E não sabe como te dizer
Volte, volte das estrelas... Venha num cometa
Mas não me deixe aqui sozinho entre toda essa gente cadavérica
Me perdi no amanhecer
Andei pelas ruas, pela antiga praça, frente ao mar
Não havia mais nada lá
Nem seu sorriso, nem seu adeus
Mundo vazio! Mundo idiota!
Vida insatisfatória, a culpa não é de ninguém
Pois não há ninguém que me faça viver
Não como naqueles dias, onde tudo era tão novo
Você mentiu por que pensou que nunca ia cair
Você julgou por que pensou nunca precisar de alguém
Apenas durma agora, nos braços de suas próprias sombras
Brinque com seus brinquedos quebrados nesse quarto sombrio
Olhe aquela foto que você rasgou
Agora é tudo o que tem pra se culpar
Suas lágrimas já não me dizem nada
O vento entra pela janela e, pouco a pouco, leva o amor
...Que, inocente, te entreguei
O meu coração chora, mas não mais te adora
Não existe mais terra pra seus frutos
Não existe mais prece pra seus céus
Não existe mais criança pra suas falhas
Tudo o que poderia ter dado, dei a você
Apenas lembre, nunca foi em vão
Mas em vão foi esse estupor, esse furor sem sentido
Não sinto saudade de sentir... Não mais!
E agora não há muito que fazer
Apenas durma... Sonhe com teus sonhos!