Inimigo domesticado
Deixarei, silente, o medo escorrer pelas pontas dos dedos.
Liberto, transformar-se-á em palavra,
E dirá coisas impuras, aprisionadas há tempos,
Revelando a lascívia dissimulada.
Deixarei que escrache com todos os meus desejos,
Que descreva o corpo, que desnude a alma.
E quando esgotarem-se os segredos,
Retomarei as rédeas do medo em minha palma.
Deixarei que se rebele em exíguos momentos,
Sem que perceba ser manipulado.
E o farei cúmplice de meus tormentos,
Inimigo rebelde domesticado.