Carnaval de inverno

Lá fora é carnaval.

E como se não fossem morrer um dia,

Um, dois, cinco mil se vão ladeira abaixo

porque a vida é apenas sexo,

fome e excremento.

Não sei se devo permitir que o som,

que o arroubo dessa felicidade inconveniente

penetre por entre as rachaduras das paredes,

e me contamine ao ponto de não mais

pensar em quão débil é o espírito

que se deixa levar por coxas grossas

e pelo topor de bebidas ordinárias.

Lamento não ser feliz.

Porque todos acham que eu deveria ser.

Enquanto deixo que o mundo morra lá fora

só posso dizer aliviado:

Minha tristeza é tão sincera

quanto a alegria de porcos carnavalescos.