Meu silêncio

A voz cala

Atordoada

Embargada

Porque já não crê

Que o que deveras vê

Seja lícito falar.

A voz cala

Quando quem há de ouvir

Não haverá de compreender

No auge de sua ignorância

Toda palavra coesa, insignificância

Daqueles que falam só por falar.

A voz cala diante dos medíocres

Qual o mérito no desperdício?

Se todo sacrifício

Contido no ato de falar ou escrever

Tornará vã cada palavra

A quem não pode ou se nega a entender?

A voz cala, diante dos inocentes.

Que por engano, são condizentes

Com o fel das palavras de quem

Sabe apenas maldizer.

A voz cala diante dos fracos

Infelizes seres em colapso

Que deleitam-se em levar

Nas palavras todo horror

Que há em si.

Porque o fraco não é o que teme

É o que tem coragem de exibir

Sua covardia, imoralidade e sordidez.

E o silêncio,

A voz que emudece,

Não foi subjugada

Nem calada...

Porque essa voz

No grito eloqüente do silêncio

Despreza toda a maldade

Contida nas palavras déspotas

De quem não sabe viver.

Elicia Dock Holtz
Enviado por Elicia Dock Holtz em 16/11/2009
Código do texto: T1926863
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.