Meu silêncio
A voz cala
Atordoada
Embargada
Porque já não crê
Que o que deveras vê
Seja lícito falar.
A voz cala
Quando quem há de ouvir
Não haverá de compreender
No auge de sua ignorância
Toda palavra coesa, insignificância
Daqueles que falam só por falar.
A voz cala diante dos medíocres
Qual o mérito no desperdício?
Se todo sacrifício
Contido no ato de falar ou escrever
Tornará vã cada palavra
A quem não pode ou se nega a entender?
A voz cala, diante dos inocentes.
Que por engano, são condizentes
Com o fel das palavras de quem
Sabe apenas maldizer.
A voz cala diante dos fracos
Infelizes seres em colapso
Que deleitam-se em levar
Nas palavras todo horror
Que há em si.
Porque o fraco não é o que teme
É o que tem coragem de exibir
Sua covardia, imoralidade e sordidez.
E o silêncio,
A voz que emudece,
Não foi subjugada
Nem calada...
Porque essa voz
No grito eloqüente do silêncio
Despreza toda a maldade
Contida nas palavras déspotas
De quem não sabe viver.