FIM DA LINHA

(Tere Penhabe)

Eu pensei que não ia doer tanto!

Já desisti de muitas coisas na vida...

Outras eu conquistei

para depois abandonar,

e agora...

vou precisar chorar?

Eu não sabia que doía tanto!

Embrulhar meu sonho num papel de pão,

e jogar fora, ver indo embora...

levando junto um pedacinho do coração.

Mas é por uma boa razão:

- Fazer alguém feliz.

Só não imaginei que ia doer tanto assim!

Eu quis demais e até lutei,

e tantas armas eu usei!

Vi passando as estações,

pela janela da vida,

sem coragem de descer...

Mas desço aqui...

cansei!

E um dia, quando me procurar,

e não puder me ver...

não diga nunca que eu lhe abandonei!

Eu apenas desisti... de uma parte de mim.

Porque não se desiste do que não se tem,

e um sonho é apenas sonho,

não vive ainda... somente pulsa

na deliciosa gestação do querer!

Até se esvair no aborto do descaso...

da indiferença...

do sem saber...

Mas juro que eu pensei

que não ia doer.

Quem é que está

preparado para perder?

Eu também nunca estarei!

Mas já perdi, antes de conseguir.

Agora... apenas aceito,

a minha insana condição de não ter,

sequer direito de sonhar...

É o fim da linha para mim,

a hora certa de descer,

ainda que seja sem querer.

Vou por aí...

sem olhar para trás,

à procura de mim,

outra vez...

Sem reclamar

sem lamentar

sem sequer derramar,

as lágrimas silenciosas,

que nada podem fazer...

Mas por favor...

por todo o amor que nunca quis,

tente ao menos...

ser feliz!

Santos, 03/11/2009

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