Perdoa-me amor, nunca te amei
Nunca meus beijos foram teus somente
Tua boca para mim teve mil sabores
Sabores de passados mal resolvidos
De futuro não vivido

Perdoa-me amor por te perder
Por te perder em cada madrugada fria
Pelos beijos não sentidos desejados
Onde tua boca encontro na sede?
A não ser num sem tempo da eternidade?
Sabores de passados desconhecidos
Um querer beijar-te viver a vida
Um querer amar-te morrer todo dia

Perdoa-me não mais posso ver-te
Prefiro amar-te na mentira das palavras
Mas longe, longe daqui
Mais forte o desejo de ser
De transpassar esse desejo somente
Deixo-te nesta casa com os móveis todos
Deixo-te com o pó de todos os momentos
Com as ilusões todas
Com todas as fantasias
Deixo-te para o esquecimento
Deixo-te em cada passo de meu falso caminhar
Essa sede de não te querer mais
Sufoca-me...
Sacia-me uma nova estrada
Perdoa-me, perdoa-me,
Adeus.

E vou como se foste tu que te foste
Então volta! Fica!
A casa é tua
A alma é tua
O corpo e o desejo
Os sonhos, os pensamentos
A vontade
Tudo! Tudo é teu
Até tudo o que não tenho
Fica para sempre
Que não tenho tempo
Fica que te perdôo nunca me amar
Perdôo teus beijos de outros sabores
Fica que há que se perdoar o passado
Mal resolvido
Deve haver esperanças num futuro não vivido
Perdoa-me te perder
Nos medos tolos em frias madrugadas
E em tantos beijos desejados (não dados)
E no perder em tua boca toda a sede
Perdoa-me não viver a vida beijar-te
E não viver amar-te
Amar-te à morte
Triste e horrenda
Quando fujo quero mostrar-me (não como sou)
Nem que seja na mentira das palavras
Ou na ilusão dos sonhos
Mesmo longe, muito longe de qualquer lugar
De tudo o que se possa lembrar
Exatamente um segundo antes de esquecer
Então deixa-me na casa
Que eu cuido da saudade
Mas carrega-me as ilusões, todas
E não deixa aqui realidade nenhuma
Deixa apenas o vazio e o silêncio
Carrega todas as lembranças
Porque elas são todas tuas, só tuas
Deixa somente a sede de não me querer mais
Que quero dessa sede sufocar-me
E morrer, mas numa nova estrada
Saciado de vida (mas que vida?)
E de perdão por deixar-me
E perdoar-me a mim mesmo
Para poder viver, talvez
Ainda uma outra vez

(com Stela)

 
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 16/11/2009
Reeditado em 28/08/2021
Código do texto: T1925927
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