Antigo Poema Antigo
Como se fosses Musa de macia aquarela
que pinta a Aura de certa Donzela
com fluida névoa amarela,
eis que reinas singela
como em Renascentista tela
que decora o átrio da Capela.
Ouve-se, ao fundo, versos de *Bergerac.
Cantam-nos o Homem de sisudo fraque,
que toca alaúde
enquanto verseja amiúde:
"formosa dama
do antigo drama,
que chora o amor impossível,
o fosso invencível
e as dores do partir amaro
de quem lhe era tão caro ..."
Poema Antigo,
de Dama carente de abrigo,
de ser salva de todo perigo,
de ser liberta do cruel feiticeiro inimigo.
Antigo Poema,
escrito a bico de pena,
que conta do viril cavaleiro,
do bravo guerreiro,
que de lança e elmo
vence o Torneio de San Telmo.
E isso, formosa dama, para que a teus pés
coloque um Novo Mundo, livre das Galés
e fecundo como as boas marés
e profundo como o som dos oboés.
Antigo Poema Antigo,
como já não se faz.
Senhores: bem aqui, o Romantismo jaz!
Que a terra lhe seja leve,
a agonia seja breve
e que descanse em paz.
Para Lilian, minha vida.
* referencia a Cyrano de Bergerac.