Ambição

Afora acredite que em mim existam vários

Insignificantes, desprezíveis, até confiáveis

Gostaria que todos eles fossem solidários

Deixassem ser o que sou e não incontáveis

Somente este, o qual vejo no espelho ao acordar

Que passa as noites insone, tocado por desejos mil

O maior é o de tentar igualar-se aos deuses e criar

Transformar não a matéria e sim a palavra mais vil

Em algo que tenha o dom de tocar a alma sensível

Consiga passar o que sempre anseiam por sentir

Que seja verdadeiro e jamais deixe de ser crível

Fale da beleza do passado, assim como do porvir

Ao mesmo tempo não esqueça da tristeza que aflige

Quero ser a lua e ter o dom de embalar aos amantes

O norte que mostra o caminho a seguir e nos dirige

Rumo a inspiração para construir textos cativantes

Quero ser a ave que sobrevoa os mares adormecidos

Esses que escondem seus mistérios mais insondáveis

Despertados ficam revoltos, levam ao desconhecido

Transmutam placidez imóbil em ondas inabaláveis

Quero a força de transformar palavras em poesia

Nos versos declinados que aos poemas constroi

Ser simplesmente o céu adormecido em calmaria

Ou em uma noite tempestuosa que a tudo destroi

Ser o decodificar dos anseios guardados no coração

Juntamente das dores que eternamente são sentidas

Essas que chegam a tirar-nos, até mesmo, a razão

Quero o dom de fazer derramar lágrimas incontidas.

Brasília-DF, 14 de novembro de 2009.