Sombra

O sol ressurge iluminando a vida

Foi-se essa bela e funesta noite

Mas de que me vale ele se finda

E a sombra que faz-se meu acoite

Por ela encontro-me fascinado

O seu gélido ardor me consome

Sou no sombrio brilho aprisionado

É na sombra que a tristeza some

A alma acostumada a penumbra

Nela sempre encontrará guarida

Transita livre na escuridão profunda

Cura-lhe a sombra toda dor sentida

Por quantas eras tenho caminhado

Deixando minhas marcas no tempo

Com a sombra sempre ao meu lado

Ouço a sussurro que vem no vento

Fala de uma sina prestes a acabar

A cada passo é um novo recomeço

A cada um também sinto-me findar

Ando pela estrada sem tropeços

A sombra mostra-me a verdade nua

Diz que logo encontro o meu destino

Pressinto-o no ar ao contemplar a lua

Mas na Terra continuo meu caminho.

Brasília-DF, 13 de novembro de 2009.