Há um cristo na cruz dos pesadelos
E não fui eu que ali o pregou
Meus pecados são íntimos
Tão íntimos que nenhum deus sabe deles
Nenhum diabo quer minha alma
E o céu é grande demais
E tão pequeno é o inferno
Para conter todos os meus sonhos

Minha oração é um grito no silêncio
Que ecoa num vazio tão dentro de mim
Lá onde não mora nenhum medo
E onde não sobrevive nenhuma esperança
Para mim sagrados são o tudo e o nada
O espaço e o tempo infinitos
Essa vida que bem ali se acaba
E todas essas palavras desperdiçadas

Essas coisas belas que não tem nome
Sagrado é acordar mais um dia, vivo
Como se fosse um capricho da natureza
É o tesão, a sede e a fome
É gozar com o que não se goza
Beber apenas o que envenena
É vomitar aquilo que não se come
Sagrado é viver o que não se inventa

Há um par de asas em cada pensamento
Há um momento de extrema lucidez
Há uma visão de absolutamente tudo
Que não se desperdiça em palavras
A visão de algo que tem nome
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 13/11/2009
Reeditado em 06/09/2021
Código do texto: T1920832
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