Um fantasma ronda estas imediações
Silêncio... silêncio em meio ao burburinho
Passos no sótão de minhas lembranças
Esmalte de dentes nos vidros dos copos
Um brinde! Engulamos o vazio
Essa vida contada em garrafas
E os pedaços aos copos, eu nem noto
Meus pedaços aos cantos, eu nem sei
que esse vulto que passa perpassa
E em mim o que se passa é nada passar
Assim como deve e como tem que ser
A vida, a morte, um querer uma outra sorte
A fraqueza de ser forte como não tem que ser
Essas palavras vomitadas a tempo
Contratempo de um outro contratempo
Passatempos enfadonhos que me esgotam
E se nem notam, sou o vulto que passa
Num momento, uma outra paisagem
Eu não mereço, mas até disso esqueço
São meus olhos que devoram as luzes
Um tropeço, um passo, uma miragem
Os outros lados de tudo aquilo que não tem lado
Esse enfado, esse asco na garganta
E se me adianta esse grito preso
As lágrimas hão de me sair pelos poros
A esmo esse pesadelo, sonhos que se esvaem
Aonde você nessa hora? Aonde agora?
Eu tenho um rumo para me perder
E tenho sempre um jeito de não mais me encontrar


 
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 13/11/2009
Reeditado em 06/09/2021
Código do texto: T1920829
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.