Orquídeas*
Não quero o afeto engomado
A palavra perfeitamente alinhada
O beijo diplomático.
Não quero ser letra de música
Nem abraços de chá de camomila.
Quero o alumbramento do porte firme
A epifânia do incêndio das mãos nas curvas
A boca sempre a olhar a pele
A hombridade de repensar
O milagre diário
De simplesmente se estar.
Não quero as simetrias das rosas
Quero orquídeas nas texturas
Selvagens e desgarradas
Lilases e esgazeadas.
Quero instantes subcutâneos
O desassossego da mente
O toque semiótico das pontas dos dedos
Um que de desatino
Na lucidez de qualquer momento.
Karinna*
*