khel o cao negro....
o cao negro
surgiu em meio ao nado
nasceu da escuridao
em meio a triste dor da madrugada
veio com os olhos cravados em mim
com passos cansados
e logo se sentou ao meu lado
o cao negro de olhos amarelados pelo tempo
o pelo gasto pelos seculos
ele traçou meu caminho
e eu tracei o dele
ambos eramos o mesmo
e pertenciamos a epocas e destinos diferentes
eu o chamei de khel
caminhamos juntos por longas horas
que se tornarao anos
e quanto mais a madrugada avançava
mais ele se cansava, morria...
como era enorme e estranho
nada atravessava seu caminho
e os olhos antes cravados em mim
agora se cravavam no horizonte
sempre caminhando
ele sabia onde eu ia?
ou eu saberia onde deveria ir?
ele guardava segredos que nunca poderia me dizer
e logo sua voz grave sombria e rouca
inundou a minha alma
como cantigas antigas de civilizaçoes desconhecidas
anjo negro de luz?
cao negro de guarda?
o senhor daquela madrugada
logo por onde ia aquele triste cortejo?
rasgando lentamente em passos o silencio
cortejo de um unico homem
ou de um unico cao?
a certeza pouco antes do retorno
do fim da madrugada
as horas virarao anos e os anos virarao seculos
e por fim a rua era a eternidade
e o fim do mundo o começo do novo dia ensolarado
e antes do fim ele sumiu do meu lado
retornou a escuridao e sumiu
nunca mais tornei a ve-lo
voltou pra onde nunca mais saiu
dentro de mim mesmo
tornando a ser apenas meu lado negro
o dono da madrugada...