khel o cao negro....

o cao negro

surgiu em meio ao nado

nasceu da escuridao

em meio a triste dor da madrugada

veio com os olhos cravados em mim

com passos cansados

e logo se sentou ao meu lado

o cao negro de olhos amarelados pelo tempo

o pelo gasto pelos seculos

ele traçou meu caminho

e eu tracei o dele

ambos eramos o mesmo

e pertenciamos a epocas e destinos diferentes

eu o chamei de khel

caminhamos juntos por longas horas

que se tornarao anos

e quanto mais a madrugada avançava

mais ele se cansava, morria...

como era enorme e estranho

nada atravessava seu caminho

e os olhos antes cravados em mim

agora se cravavam no horizonte

sempre caminhando

ele sabia onde eu ia?

ou eu saberia onde deveria ir?

ele guardava segredos que nunca poderia me dizer

e logo sua voz grave sombria e rouca

inundou a minha alma

como cantigas antigas de civilizaçoes desconhecidas

anjo negro de luz?

cao negro de guarda?

o senhor daquela madrugada

logo por onde ia aquele triste cortejo?

rasgando lentamente em passos o silencio

cortejo de um unico homem

ou de um unico cao?

a certeza pouco antes do retorno

do fim da madrugada

as horas virarao anos e os anos virarao seculos

e por fim a rua era a eternidade

e o fim do mundo o começo do novo dia ensolarado

e antes do fim ele sumiu do meu lado

retornou a escuridao e sumiu

nunca mais tornei a ve-lo

voltou pra onde nunca mais saiu

dentro de mim mesmo

tornando a ser apenas meu lado negro

o dono da madrugada...

AbnerSohel
Enviado por AbnerSohel em 12/11/2009
Reeditado em 12/11/2009
Código do texto: T1919883
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.