A Colcha

A Colcha

Euna Britto de Oliveira

Vinho tinto – suave ou seco?

Com um ou outro,

Brindemos!

Bordemos dois corações

Na colcha rústica da cama

Do casal ideal,

Com aqueles dois pavões que vi um dia

Numa casa humilde

Da cidadezinha de Pedra.

Uma pequena cidade

Perdida no tempo...

À margem da rodovia Fernão Dias,

Que liga Belo Horizonte a São Paulo;

Muito mais próxima de BH do que de São Paulo.

Escrito embaixo,

Como um chão para os pés do casal:

“O NOSSO AMOR VAI ACABAR O DIA QUE ESSES DOIS PAVÃO AVUAR”

Não importa o erro de português,

Grosseiro como o tecido da colcha.

Importa a expressão de um desejo,

Importa a beleza e profundidade desse desejo!

Aquela mensagem na colcha de algodão cru

Feita em tear

Permanece estendida e entendida

Em minha memória

Como ideal de um sonho de amor...

Virou vulto,

Virou voto:

Eu volto!

Volto pra buscar uma colcha igual

Entre os artesãos da cidade.

Pra poder deitar e rolar no macio

Que é a felicidade do amor correspondido!...

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BH - Escrito em 7 de setembro de 2001

Transcrito em 10 de julho de 2006

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 11/07/2006
Código do texto: T191988