Incerteza
Infinitamente limitada é a minha obtusa e inconclusa forma de pensar
Pois se imagino que sou o que há ao meu redor, as estrelas, o céu e o mar
Na realidade não sei sequer quem sou ou para que sou, por que sou menos ainda
Não sei sequer se sou esse mesmo que as vezes parece que finalmente se finda
A única certeza que tenho é que estou aqui hoje!
Na verdade não há certeza de nada, somente que o mal vive dentro de mim
Sou meu maior adversário, o meu eterno algoz, sempre procurando meu fim
Sou o que de pior eu possa imaginar, não sou nem mesmo o zero absoluto
Tento ser o nada, para ser ainda menor do que isso é pelo que eu vivo e sempre luto
Parece fácil conseguir ficar estático, mas é preciso esforçar-se para continuar não pensando e assim ser mesmo o nada
Mesmo assim ando por eras, passo a passo, aos poucos, cada dia, cada minuto, cada segundo, por debaixo desta abóbada
E a única certeza que pareço ter é a de que estou aqui agora!
Imploro para que continue sempre não sendo eu, esse ser que vive a esmo
Nesta forma grotesca, efêmera, em que me vejo, torço para que não seja eu mesmo
Nunca descubri nem descobrirei, onde estou eu nem sei, e o que sou também
Espero assim continuar sendo o nada, pois é nele que ainda espero ser alguém
Ser qualquer coisa desta sinestesia, o vento, a água salgada ou doce, a flor perfumada, o diamante bruto
É tão vazio de significado ser nada, arde o desejo de ser qualquer coisa de absoluto.
E a única certeza que ainda pareço ter é a de que estou aqui nesta hora!
É terrivel estar nesse luto por mim mesmo, chorando uma morte que ainda não chegou
Tendo a certeza de que ela chegará, sem dúvida, durante todas essas eras ela a tudo findou
Não há como sair, não há como intervir, ela vem e basta, somente ela é inadiável
Ao mais sempre é possível remediar, nela não há defeito ou virtude louvável
Somente o vázio de alma quando abandona, esse destempero insano que nos faz tão humanos
Não há como adiar, somente sentar na sombra e esperar, ela deve estar nos nossos planos
E a única certeza que insisto em parecer ter é a de que estou aqui neste momento!
Impossível detê-la, não há como deixar para depois, ela chega e foi-se o que existia
Apaga-se a luz, somente o que a ela sobrevive é a essência que na matéria havia
Essa que hora nos acompanha, noutras não mais, nesse eterno vai e vem fugaz
Nessa luta por sobrevivência, por valores que nada valem, somente nela chega-se a paz
Se fechar os olhos, quando não abri-los novamente, é possível que isso já tenha acabado
E a única certeza que realmente tenho é a de que não há como saber se ainda existirei amanhã!
Sou o que de pior há em mim e esse ao meu lado mais negro é que sempre me arrasta
Sou o final do meu tempo, a consciência de mim mesmo, sou o que fui ou serei e basta
Sou somente esse ser abjeto que está aqui , existo, apenas naquilo que realmente sou
Ou serei hoje e para sempre a essência daquilo que ela mesma me deixou?