POESIA

(há 38 anos, em 11/11, escrevia minha primeira poesia

e em homenagem a ela e ao amor...)

Enalteço-te, oh poesia, enalteço-te!

Minha vida, sem ti, não tem sentido;

sem tua presença e mistério

perambulo no vazio da avenida enorme,

longa, impermeável... Mago,

bruxo, sou eu isso?

Bancas, lojas, ruas... A claridade

da noite grita-me.

Os olhos tensos - fixos! - ardem.

Uma voz ausente e uma saudade

imensa do amor, do rio,

de Araçuaí... E não me calo,

não me calo nos primórdios de mim.

Eu me perco e me acho,

oh, poesia, em tuas fragrâncias

e teus segredos!

Palavras, existência... E não te preocupes,

oh poesia, com minha ausência!

Afirmo-te que minha presença

já está eternizada em ti.

Os vestígios dos meus suspiros

impregnaram-se em cada passo teu

e tua sensualidade, oh poesia,

margeia o enigma do adjetivo, do verbo,

da concordância!

Poesia, enalteço-te,

calo-me... De ti, partículas suaves

e grandiosas junções de essência,

de água, de fogo, de átomos!

De ti, brisas em meus tormentos e medos!

De ti, metáforas que me revelam

o contraditório e absurdo que sou!

Poesia, eu gosto de modelar-te,

de ir ao extremo dos teus contornos,

de fazer-te chegar ao ápice de ti!

Mitos, sonhos,

vida, dor... Poesia, eu vivo-te!

Poesia, oh poesia, estás em meus versos!

Ainda hei de fazer-te o mais belo

de todos os arranjos

e serás a magistral sinfonia

do amor intenso - o meu, o teu!

Poesia, sinto saudade de ti,

eu confesso! Sinto o néctar

de minha intensa solidão

ante versos a serem feitos por ti!

PAULO URSINE KRETTLI

Academia Betinense de Letras
Enviado por Academia Betinense de Letras em 11/11/2009
Código do texto: T1918446