Zarcão
 
E o cheiro da tinta
vinha
e me levou
longe, mesmo aqui, pela porta aberta do quarto.
Colou
em meus olhos um passado:
casa nova
reformada.
Os tijolos,ainda, guardam
grudam
cantorias antigas
da menina.
Nos cheiros de tinta pela escada,
risos,
vozes das crianças :
As que brincavam lá fora
—caixa de areia, grama e piscina;
As que dançavam na barriga
—sangue, carinho e água cristalina.
Dentre melodias, a mais alta era a do amor,
misturada a lembranças de sinteko e jimo:
beijosbeijosbeijosbeijosbeijosbeijos
sousóteuésminhasousóteuésminha
euteamoeuteamoeuteamoeuteamo,
eternos, mas daquela hora.
Casa velha,
hoje pintada de nova,
socorre essas histórias pela tinta fresca.
Ecoecoecoecoecoecoeuteamoeuteamoeuteamo
impregnam as demãos de sonhos
no corrimão.
 

 

Ilram Rekrem
Enviado por Ilram Rekrem em 10/11/2009
Código do texto: T1916326
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