Vendaval
Começa com um sopro.
Os olhares, esguios,
Não se encontram mais.
Não é mais a voz que fala
Ela cala.
O corpo aos poucos estremece
Desescama, desencana...
As formas tomam formas
Da forma que o olhar desconhece.
A alma morta toma nota
Aviva-se em estranha calma.
A preocupação doentia fenece
E à nos, a música desfalece.
Canção noturna e sussurrada
Resplandece em tempestade de verão
E termina no frescor do amanhecer.
E a voz, aos poucos reconhece
Cai o sono no olhar estarrecido
E o corpo, dormente, adormece.