Anestesia
Sinto meu corpo adormecer
Retirando-se em miséria
Como soldados que correm
Da derrota eminente.
Sinto o esvair da dor
E de todo sentimento.
O ácido que corrói minhas entranhas
Não punge minha existência.
E quantas lâminas que
Transcenderam meu peito.
Que enferrujaram, fixaram-se.
Sua infecção não deturpa meu ser.
Diante das chamas tépidas
De todos romances incendiários
Cicatrizes dolorosas
Não agoniam minha psique.
Anestesiar-se, enfim
Não existe lástima ou dor
Não existe corpo ou alma
Não existe mente, nada.
Todas as lágrimas derrubadas
Inundaram o árido deserto.
Nasce uma miragem de alegria
E logo se desfaz o Oasis
E já não existe ilusão.
E já não existe vida.
E já não existe emoção.
E já não existe nada.