Feito lua
Às vezes perco o brilho. Ainda que a vida siga cintilando ininterruptamente, uma parte de mim se apaga. Tudo perde sensivelmente a importância, então me recolho. Obtusa. Uso o silêncio como um manto para envolver meu corpo sem lume e vagar nas alamedas do meu ser. Recosto-me às minhas margens para sentir a brisa da minha existência. Torno-me estéril de sentimentos. Não amo, nem odeio, apenas não tenho intensidade. Estou MINGUANTE.
Escureço totalmente. E no mesmo instante que me vejo morrer percebo-me renascendo. Os sons da vida me impelem a sair de mim. Já não desejo a solidão. Tampouco permanecer nas margens. Quero me envolver no movimento das minhas ruas internas e descobrir todos os meus vãos. Recomeço tudo. Os planos adormecidos, as idéias esquecidas, as atividades abandonadas. Envoltas pelo cio de emoções as idéias copulam em meu coração para serem fecundadas em minha mente. Sou NOVA.
Parte de mim brilha, a outra não. Sou metade luz e a outra metade sombra. Sou as duas faces de um mesmo astro. Quero correr pelas campinas e descansar sob minhas árvores. Quero as vozes dos que falam e o sossego dos que ouvem. Sou aquela que diz e a que apenas escuta. Faço planos e espero que amadureçam. Tenho idéias e exijo que me convençam. Sou forte e sinto-me frágil. Às vezes amo, outras odeio. Em momentos crio, noutros só leio. Sinto-me CRESCENTE.
Então, acendo. E tudo em mim torna-se intenso. Sou um facho sem rumo e sem paragem voando pelo céu, além de mim. Não quero o meu claustro, anseio a imensidão. Fujo do silêncio para abrigar-me no alarido das vozes e da música. Sou a que canta, sou a que dança. A que esquece quem é para ser só o que quer. Bebo os planos, trago as idéias e entorpeço-me até o delírio do dia seguinte. Sou inconsequente, inconsistente e louca. Não sou luz, sou raio. Não sou eu, sou muitas. Não odeio, ignoro. Não sou amor, sou paixão. Do êxtase de viver, torno-me CHEIA.
Assim, feito um corpo celeste, fulguro em meu calendário de fases,desconhecendo a data em que deixarei de brilhar. O momento em que tudo a minha volta escurecerá, causando, finalmente, o ECLIPSE de mim.
Léia Batista
Às vezes perco o brilho. Ainda que a vida siga cintilando ininterruptamente, uma parte de mim se apaga. Tudo perde sensivelmente a importância, então me recolho. Obtusa. Uso o silêncio como um manto para envolver meu corpo sem lume e vagar nas alamedas do meu ser. Recosto-me às minhas margens para sentir a brisa da minha existência. Torno-me estéril de sentimentos. Não amo, nem odeio, apenas não tenho intensidade. Estou MINGUANTE.
Escureço totalmente. E no mesmo instante que me vejo morrer percebo-me renascendo. Os sons da vida me impelem a sair de mim. Já não desejo a solidão. Tampouco permanecer nas margens. Quero me envolver no movimento das minhas ruas internas e descobrir todos os meus vãos. Recomeço tudo. Os planos adormecidos, as idéias esquecidas, as atividades abandonadas. Envoltas pelo cio de emoções as idéias copulam em meu coração para serem fecundadas em minha mente. Sou NOVA.
Parte de mim brilha, a outra não. Sou metade luz e a outra metade sombra. Sou as duas faces de um mesmo astro. Quero correr pelas campinas e descansar sob minhas árvores. Quero as vozes dos que falam e o sossego dos que ouvem. Sou aquela que diz e a que apenas escuta. Faço planos e espero que amadureçam. Tenho idéias e exijo que me convençam. Sou forte e sinto-me frágil. Às vezes amo, outras odeio. Em momentos crio, noutros só leio. Sinto-me CRESCENTE.
Então, acendo. E tudo em mim torna-se intenso. Sou um facho sem rumo e sem paragem voando pelo céu, além de mim. Não quero o meu claustro, anseio a imensidão. Fujo do silêncio para abrigar-me no alarido das vozes e da música. Sou a que canta, sou a que dança. A que esquece quem é para ser só o que quer. Bebo os planos, trago as idéias e entorpeço-me até o delírio do dia seguinte. Sou inconsequente, inconsistente e louca. Não sou luz, sou raio. Não sou eu, sou muitas. Não odeio, ignoro. Não sou amor, sou paixão. Do êxtase de viver, torno-me CHEIA.
Assim, feito um corpo celeste, fulguro em meu calendário de fases,desconhecendo a data em que deixarei de brilhar. O momento em que tudo a minha volta escurecerá, causando, finalmente, o ECLIPSE de mim.
Léia Batista