Prova...

Dá-me a provar a tua boca carnuda!

Escolhe um beijo só para mim...

Junta os teus lábios a uma história que não muda

enquanto sentes os meus beijando-te num festim...

Sai da timidez que as luas te conferem

usa as tuas armas e fere-me de morte

solta esse desejo preso na garganta...

E vem mudar o rumo da minha sorte...

Não sei se um beijo teu é dádiva ou castigo

não sei se a prova será de ilusão...

Não sei se depois quererás ficar comigo

fazendo provas até à exaustão!

Vem provar-me e dar-te a provar

Vem fazer loucuras e artifícios

Vem procurar o que queres encontrar

Vem semear paixão para colher benefícios...

Tráz os teus gostos e sabores

para eu ter deles experiência!

Levarás de mim, fluidos e odores

para teres deles consciência...

Tráz-te por inteiro e sem vergonhas

deixa-te correr nas minhas margens...

Vais transbordar como nem sonhas

vais inundar terras selvagens...

Vem fresca e caudalosa

em redemoínhos gigantes

tremente como quem goza

prazeres delirantes!

Água de um rio mulher

que quero beijar loucamente

matando a sede que tiver

quando te vir novamente...

Jacinto Valente
Enviado por Jacinto Valente em 09/11/2009
Reeditado em 21/08/2012
Código do texto: T1914238
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