Ausentes

Ajeito os cabelos

e, abaixo deles, as fobias,

algumas manias

e certas agonias.

Abotoo o colarinho

e imagino teu carinho.

Sem o menor pejo

busco teu beijo,

mas só encontro o vazio

e de solidão me sacio.

Caminho enquanto choro algumas mágoas,

enquanto rogo algumas pragas.

Sigo em frente

e de repente (*não mais que de repente)

sinto nauseas pelo excesso de gente,

pela indevida pele quente,

pela sirene estridente,

por quem se acha urgente

e, principalmente, por que estás ausente.

* Da poética de Vinicius de Moraes.