APOCALIPSE

O homem senta ante a máquina
e cala.
A máquina pressente o homem
e mata.

Mata-lhe o emprego.
Mata-lhe os pulmões.
Mata-lhe o sossego.
Mata-lhe os culhões.

A máquina pára ante o homem
que cala.

Nada mais há pra se fazer na sala.
O silêncio repara
que o pensamento atrapalha.
E o ser - humano ao lado
não fala.
O álcool então substitui a falha
no sistema da depressão.
E mantém a calma
do mundo da masturbação.

Tudo certo.
Tudo exato.
Esperto.
Acabado.

Tudo deserto.
Tudo errado.
Incerto.
Acabado.



2007