Sobre poetas e pedras.
A pedra canta seu silêncio puro
O frio bruto guarda a voz e o verso
Encanta quando seus encantos duros
Encontra o prumo obscuro e terso.
Os pés cansados vagam vãos sem ninho
Perdidos rumos nos poemas velhos
Os versos vazam por novos caminhos
Num outro gume guardam seus mistérios.
A pedra fria em plena carnadura
A mão que molda o verso empunha a talha
Granito bruto, fruto da clausura
Cerzindo as armaduras e as mortalhas
Três mundos, três poetas, dor e cura,
A lavra rude, a pedra, o chumbo e a palha.