Chuva

E deixaremos que a chuva fina

nos cubra e nos envolva,

sentindo um Céu que se liquefaz

em suave torrente

que há de nos purificar

dos pecados que não cometemos.

E sentiremos o cheiro da terra molhada.

Sentiremos o perfume das roseiras

que embalaram nossas infâncias.

Sentiremos, minha Vida, o cálido desejo

que percorre nossos corpos, tanto abraçados,

que de dois só resta um.

Sentiremos, doce Amada, a estrela

que ainda não chegou,

mas que sabemos existir,

pois além do céu de todos,

entraremos no secreto Paraíso

que Afrodite nos permitiu.

Verei, então, a Constelação de Centauro

que nem tudo ilumina.

Apenas a minha menina.

E juntos camiharemos noite adentro,

retendo em nossas mãos dadas

a chuva que persiste

e a carícia que insiste.

Caminharemos vida afora,

pois são nossos os amores diversos.

E teus, Lilian, estes versos.