Vontade de tocar fogo no mundo
De sair pra fora dessas lógicas
Para longe desses olhares
Desses julgamentos
Vontade de sacudir a moral
Essa farsa vigente que mantém
O mundo e toda a gente
Alienadamente satisfeita
Fazer uma guerra e lutar
cada uma das batalhas
Matar a hipocrisia no berço
De onde nasce desse medo
De todas as pessoas de ser
De ser, talvez, tão feliz quanto eu
Quanto eu sei que quero ser
E me sinto triste de uma tristeza
Tão ridícula que nem parece minha
É desse mundo que anda às avessas
E de toda essa gente em volta
Que me pesa, me mede, me avalia
Me qualifica e me quantifica
E quer me por uma etiqueta
Um rótulo assim meio mal feito
Rótulo que me identifique
E que me restrinja
Que me isole dessa tola e falsa
Idéia de arremedo de alegria
Sou triste por ter que viver
À mercê da idiotice alheia
Por ter que aceitar como normal
Todo o alheio desprazer
E tudo o mais que não é meu
E mais ainda de tudo que não sou eu

E essa tristeza é carregada de um vazio
Nasce desse meu olhar para esse pouco
Pouco que me dão, pouco que me deixam
Desse pouco de humano nesse animal
Que come o mundo e destrói a vida
Mata o amor e apaga sorrisos
E desmancha a beleza
Dos pensamentos
Das palavras
Das coisas
Da vida

Assim, é assim que é
Triste por nada que seja meu
Triste por tudo que seja do mundo
Dessa gente que se faz triste
E me quer triste
Por que não sabe ser outra coisa
Que não triste

Precariedades
Miséria
Mediocridades

E eu amo de um amor
Que não cabe na tristeza desse mundo
E nem no coração pequeno dessa gente
Eu amo de um amor tão profundo
Que há de durar eternamente

Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 06/11/2009
Reeditado em 06/09/2021
Código do texto: T1907521
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