a vida já foi rio

limpo, turvo, calmo, sereno
caudaloso, enraivecido
às vezes descansado
outras com força desaguado
alisando margens
derrubando encostas
quero agora um rio com cheiro de mato,
cantante, receptor de pedrinhas
quero agora, um rio calmo
prá eu voltar e sentar junto dele
meus pés molhar,
minh´alma alegrar...
 


uma cançao, com licença de Elomar:

Curvas do Rio

Vô corrê trecho
Vô percurá u'a terra
preu pudê trabaiá
prá vê se dêxo
essa minha pobre terra
véia discansá
foi na Monarca
a primeira dirrubada
dêrna d'intão é sol é fogo
é tái d'inxada
me ispera, assunta bem
inté a bôca das água qui vem
num chora conforma mulé
eu volto se assim Deus quisé
Tá um apêrto
mais qui tempão de Deus
no sertão catinguêro
vô dea um fora
só dano um pulo agora
in Son Palo Tring'Minêro
é duro môço
êsse mosquêro na cozinha
a corda pura e a cuia sem
um grão de farinha
A bença Afiloteus
te dêxo intregue
nas guarda de Deus
Nocença ai sôdade viu
pai volta prás curva do rio
Ah mais cê veja
num me resta mais creto
prá um furnicimento só eu caino
nas mãos do véi Brolino
mêrmo a deis pur cento
é duro môço
ritirá prum trecho alei
c'ua pele no osso e as alma
nos bolso de véi
me ispera, assunta viu
sô imbuzêro das bêra do rio
conforma num chora mulé
eu volto se assim Deus quisé
num dêxa o rancho vazio
eu volto prás curva do rio.