[O Pasto Seco da Vontade]
Rareia-se o verde das perguntas,
e as respostas, se chegam,
não acham endereço em mim.
Cada vez mais, sinto-me
afundando num reles viver —
o meu mundo se afunda!
Mas o que fazer se o mundo,
ah, o mundo é apenas o pasto
seco da minha débil vontade?
Atrelo a minha vontade
à velha carroça da desilusão,
e levo-a passear pelas ruas,
pelas praças ermas,
pelos bares da noite,
pelas estradas solitárias...
É só assim que vou pondo sobre
o mundo o peso da minha fragilidade.
[... Se eu quero viver? Não sei...]
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[Penas do Desterro, 30 de maio de 2006]
Caderninho das Cidades Mortas, p. 46