TRAVESSIAS

Acordo, abro um olho de cada vez...

sinto o meu corpo despertando por parte,

espreguiço com alegria e todo viço...

uma preguiça manifesta faz contar até 3...

ligo a TV num canal que aborda vida em Marte,

troco-o num automático toque com vício, e eis,

notícias desastradas de toda parte!...

Levanto e com muita lógica,

cumpro a primeira necessidade fisiológica.

Uma mão lava a outra e as duas, o rosto...

tiro de letra a barba da véspera, ato imposto!

Escovo os dentes, verifico as rugas...

àquela altura alma e corpo num só se pluga,

e o que restou da noite a toalha enxuga!

Oro a oração do Eterno orador,

passo adiante, cuido do café, água quente,

pó, coador, pão integral, pãozeira no fogo,

xícara, adoçante stévia, parece até jogo.

Ajeito o que baguncei no quarto

acordo num novo dia e me pergunto:

e agora, o que será, José, do seu dia?

De ontem e anteontem, estou farto...

é o agora, do hoje em diante, a alforria!

Arrumo-me com maestria,

dos cabelos aos pés

é um novo tempo a inaugurar...

Saio de casa, passo no banco,

revisito pessoas, bom dia,

bom dia, bom dia, meus santos!

Trocamos sorrisos, gestual franco,

e, a cada um ou outro que encontro

transmito alegria, debulho boas novas

percebo motivos pra transformar em trovas...

comento e convido à próxima peça teatral

que vai ser sucesso no próximo Natal...

Enfim, o dia inteiro inaugurado...

Enfim, o dia inteiro inaugurado...

"andei por andar andei

e todo caminho deu no mar..."

no mar de muitas andanças...

nas danças distantes, desditas de amar

Mas digo que hoje o dia favorece,

despertei para tudo o que me desvanece,

digo, me desvanecia, posto quê,

este dia, me rejuvenesce.

não que eu não seja sortudo,

mas, jamais me aborrece...

sou livre, solto, sensível,

sou tudo o que me enobrece...

sou Sol e ao mesmo tempo Lua,

dos anseios de minha vida crua

sou planalto e planície,

turbulência e crendice,

no que me deseje ser e/ou fazer...

Minha vida é minha alma,

meu sentir e escrivaninha...

e nada há de me tirar a calma,

por todas essas travessias.

O bonito?!...

Tenho dito, em canções, poesias, árias.

Revoguem-se as disposições contrárias!!!

Antonio Fernando Peltier
Enviado por Antonio Fernando Peltier em 04/11/2009
Reeditado em 05/11/2009
Código do texto: T1904909
Classificação de conteúdo: seguro