[Essa Vida Insulsa...]
Quando a manhã chegar,
minha querida [agora e depois],
quero que saibas — talvez eu seja:
a equação errada;
o alvo perdido
[feliz ou infelizmente?];
a bala não disparada;
aquele teu sonho antigo
do amante tão esperado!
Amanhã — mas só amanhã —,
serei o distante de sempre,
serás a distante de sempre;
seremos ausentes dos olhos...
Porém, neste instante,
esquece de ti em, mim,
esqueço de mim, em ti —,
vamos apenas nos amar,
e com todos os fetiches!
Amanhã — mas só amanhã —,
o bom siso inexoravelmente
nos guiará de volta à perdição
na insulsa habitualidade da vida!
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[Penas do Desterro, 26 de abril de 2006]
Caderninho das Cidades Mortas, p. 43