A UM VISIONÁRIO

Vê a Lua em mutações,

bem nas quatro fases usuais;

aprecia as estrelas a luzir,

mas, antes, vê a paisagem,

aí mesmo da tua janela.

Acolá, um jardim com rosas

multicores da mansão vizinha;

aí, o teu gato sobre o muro.

Vê o Sol e o mapa-múndi,

mas vê antes teu quintal,

teu São Jorge na parede,

tua cadelinha manhosa,

em derredor de ti.

Acorda para o teu real,

ó visionário da Disneylândia;

de longe, ninguém vai enxergar

nem minorar tuas caspas.

Só o teu trabalho te edifica.

Desperta da modorrenta letargia

para o teu real das coisas,

ó mercador de solidão.

Fort., 3/11/2009.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 03/11/2009
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