COLISÃO DE ASTROS

Essa sensibilidade exacerbada

E a poesia a iluminar-me a alma

Os cantos que ouço

Andando pelas ruas

Subindo escadas

Encantada com a vida

Pensando faltar nada

E conversar perdido

E falar de coisas simples

Irmanadas

Ter a certeza do pensamento correspondido

Do segredo dito ao ouvido

De uma mão pousar na outra feito pássaro

De não sentir cansaço

De comungar em oração

De no coração sentir o descompasso

Mesmo não havendo enlaço

De pernas e de braços

De sufocar

De delirar

De nem se incomodar

De num momento desses

O mundo se acabar

De não ouvir da cidade o ruído

Porque tua presença será sentido

De todos os sentidos sentidos

De não ter medo do oceano

Do fogo

Da morte

Da vida

De saber que esse momento é milagre

Luz

Matemática divina

Dos astros a colisão

Graça incomparável de ter

Na minha a tua mão.